Angola - Guerra Colonial
Moç - Guerra do Ultramar
Guerra Colonial
Site do autor Joaquim Coelho,
Combatente e repórter de guerra em
Angola, Moçambique e Vietname cujas imagens e textos foram publicados em
5 livros - dois vencedores de prémios.
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São muitos os combatentes esquecidos
e muitos os amortalhados sem dignidade,
desconforto dos que têm tempos perdidos
e não encontram o vigor da mocidade.
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Angola <> Moçambique
Testemunhos Directos
Por natureza, ninguém vai à guerra para ser herói.
A Guerra Colonial - Guerra do Ultramar -
marcou o futuro de uma geração de mais de um milhão
de homens simples que sofreram privações, angustias e dores;
além de deixar cerca de 10 mil Combatente mortos, 30 mil deficientes e mais de 110 mil
traumatizados profundos. Foram 14 anos de grandes transformações na sociedade
e que só quem a viveu consegue deixar legados para a história de Portugal.
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“À ESPERA DA ALVORADA...”
MAS HOUVE GUERRA COLONIAL?
Das guerras coloniais portuguesas há apenas uns murmúrios... sabe-se que existiram, porque a memória de muitos milhares de soldados não pode ser silenciada. Muitos dos caixões foram desembarcados às escondidas nas docas da Rocha do Conde de Óbidos e de Alcântara! Nem se chegou a saber se aqueles caixões continham os corpos que as autoridades presumiam entregar às famílias. Muitos ficaram na terra onde derramaram a última gota de sangue; e, em vão, deram o último grito de protesto contra a infâmia de que não havia guerra.
Ninguém se deve esquecer que após a viagem do Ministro do Ultramar, Professor Doutor Adriano Moreira, em 1961, as autoridades de Angola difundiram aos comandantes de unidades uma proibição oficiosa, em termos confidenciais, para que ninguém dissesse que havia guerra: “as tropas apenas estavam a recuperar os itinerários para melhor acolher as populações no norte de Angola”.
Mas ninguém poderá silenciar as muitas centenas de milhares de homens que sofreram e gemeram com as agruras das guerras no norte, e mais tarde, também no leste de Angola, no norte e centro de Moçambique e em grande parte do território da Guiné. Os testemunhos são tão evidentes que só um bando de loucos é que podia determinar tal monstruosidade censória. E o resultado dessa tragédia nacional, que foi a guerra, está aí... muitos milhares de mortos, deficientes e sofredores dos efeitos psicológicos, além do desgaste prematuro da juventude que a todos encolhe a vida.
Muitos passaram pela guerra como quem passa por um campo de milho a fugir às abelhas selvagens que se libertam das colmeias e vão dando umas ferroadas nos transeuntes desprevenidos, deixando muitos dos combatentes com alergias complicadas. Alguns sentiram a guerra como uma paixão que os transformaram em adoradores das virtudes e dos defeitos dos humanos, porque comungaram das mais díspares emoções que podem atingir o âmago da alma humana. A grande maioria dos que sofreram os efeitos do prolongado isolamento dentro do arame farpado, rodeados de árvores ou de capim cheios de nada, privados das mais elementares formas de vida racional, nunca souberam a verdadeira razão das missões que os levaram para os confins das matas e savanas inóspitas, onde sentiram o isolamento do mundo e sofreram tremendos sobressaltos.
Consciência do que era a realidade do colonialismo, muito poucos a sentiram, tal era a ignorância nacional... mas a África fascina os que nela têm penetrado, seja em que circunstância for. É inegável que os queixumes contra as transformações históricas e a perda de extraordinários bens materiais e emocionais incomodaram muitos daqueles que se julgaram donos e senhores em terras cobiçadas pelas grandes potências económicas que virão dominar o que nos resta, pelo que os incómodos da mudança são tremendos e deixam azedumes difíceis de digerir, especialmente nos usurpadores dos bens alheios, com excepção dos portugueses pacatos que se acomodaram naquelas terras como forma de progredir na vida. Esses também sofreram os seus reveses, porque acreditaram e promoveram bem-estar e fomentaram desenvolvimento sem olharem às mudanças do tempo.
Mas as guerras também foram um sustentáculo dos interesses estabelecidos. Enquanto aqueles amplos territórios serviram para viveiro dos degredados da Nação, ou para exploração sem regras humanas dos indígenas, do abastecimento desenfreado das companhias estrangeiras em matérias-primas, ninguém viu a evidência da África ignorada, nem houve governantes capazes de atender ao seu destino - a onda de países descolonizados nos anos cinquenta e sessenta. E, quando o Império se desmoronou, muitos perderam a lucidez da história e não entenderam a sabedoria dos tempos... e as incompreensões deixam mágoas e traumas que nem sempre facultam que se fale desapaixonadamente das guerras ultramarinas, no bom sentido da compreensão da história e dos feitos dos nossos antepassados.
Os lamentos dos “retornados” sobrepuseram-se à agonia dos combatentes traumatizados. Mas, enquanto uns tiveram os adequados apoios sociais e de integração, em muitos casos despudoradamente dispendiosos, os outros foram descartados do serviço militar sem qualquer tipo de apoio, logo abandonados à sua sorte e com um horizonte de vida sombrio pela frente, sem contarem que as sequelas e os traumas dos dias de angústia se poderiam prolongar e tornar a vida num inferno.
Lisboa, 18 de Julho de 1976
Joaquim Coelho
RAZÕES PARA MEDITAR – As guerras ultramarinas
A História estuda cada facto da guerra e os fenómenos que lhe deram origem para atingir determinados fins. No entanto, a guerra traz sempre consequências dramáticas para os intervenientes directos, mesmo que ajude a desenvolver tecnologias aproveitáveis para o bem-estar da humanidade. À Sociologia interessa o método comparativo que estuda os grupos e tipos de fenómenos que originam a guerra dentro do seio social de cada indivíduo ou grupo social que intervém na guerra.
No caso Português, os avisos de que tudo estava a mudar no tocante aos povos colonizados não foram devidamente acatados pelos governantes nem pelos residentes nas colónias. Na Conferência de Bandung (Java-Indonésia), realizada em Abril de 1955, várias organizações internacionais e governos dos “países não alinhados”, tais como a Índia, Indonésia, Paquistão, Cuba, Egipto e outros influentes nas Nações Unidas declararam todo o apoio aos movimentos políticos criados nas colónias com vista à independência. Desde que a Índia ficou independente do Império Britânico, em Agosto de 1948, sempre pretendeu retirar à administração portuguesa todos os territórios encravados na costa do Malabar; as escaramuças agravaram-se quando a União Indiana invadiu Dadrá e Nagar-Aveli, em Junho de 1954, concluindo a invasão de Goa, Damão e Diu em vésperas do Natal de 1961. As consequências foram dramáticas para as tropas portuguesas, tendo ficado prisioneiros mais de três mil militares, os quais foram humilhados durante o cativeiro.
Os governantes portugueses demonstraram o mais vil desprezo pelos militares cativos, não aceitando as condições objectivas propostas pelos indianos com vista ao repatriamento. Essa demora causou mais indignação e sofrimento a esses compatriotas que lutavam pela sobrevivência em cada novo dia. Enquanto isso, em Angola, as autoridades e alguma imprensa tentavam esconder os efeitos da machadada desferida no moribundo Império colonial português, protagonizada pela União Indiana. Aproveitando a desgraça que atingia os militares portugueses destacados na “Índia Portuguesa”, foi organizado e posto em prática um insólito peditório público com vista à compra de um novo navio Afonso de Albuquerque para substituir o que foi afundado nas proximidades de Goa. A adesão foi grande e os fundos recolhidos avultados; mas nunca soubemos qual a sua aplicação.
Joaquim Coelho
(Repórter de guerra)
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NA IMPRENSA
Memórias da Guerra Ultramarina – foi há 50 anos
A tragédia que anunciou o fim do Império ultramarino chegou em 4 de Fevereiro de 1961 a Luanda. A Casa de Reclusão Militar, a Cadeia de São Paulo e a 4ª Esquadra da PSP, foram atacadas por grupos de insurrectos que as assaltaram. A refrega sangrenta deu sete polícias e algumas dezenas de atacantes mortos. A agitação na cidade de Luanda era perceptível desde que as autoridades portuguesas prenderam os cabecilhas da revolta contra a empresa Cotonang, na baixa do Cassange, que obrigava os agricultores a cultivar o algodão a baixos preços.
O sossego em Luanda terminou abruptamente. Foi o atiçar do ódio que se veio a espalhar pelas terras do norte de Angola, a partir da noite de 15 de Março de 1961. Este dia ficou na memória de muitas famílias de colonos como o mais trágico acontecimento no norte de Angola, onde foram mortos mais de dois mil brancos e muitos negros seus empregados. As atrocidades foram tão violentas e dramáticas que ninguém podia ficar indiferente à quantidade de vítimas, entre as quais, muitas mulheres e crianças esventradas. Os que escaparam, fugiram para outros locais na busca de protecção; muitas das vezes, acabaram por cair nas mãos dos sanguinários da UPA (União das Populações de Angola), que os mutilaram, deceparam e mataram.
Nos primeiros tempos da guerra, os combatentes dos reduzidos efectivos militares tiveram que se esforçar até aos limites das suas capacidades humanas para socorrer as populações isoladas nos locais mais desprotegidos da região afectada pela guerra. As companhias de Caçadores Especiais avançaram na reconquista das picadas e da região dos Dembos, com bastante sucesso. Com a mesma finalidade e socorrendo os colonos e populações locais atacadas pelos bandoleiros, destacaram-se os grupos de Pára-quedistas organizados em secções de 9 a 12 homens, com especial relevo na defesa das povoações de Damba, 31 de Janeiro, Maquela do Zombo, Sacandica, Quibocolo, Bungo, Songo, Mucaba, Lucunga e outras onde foram necessárias acções rápidas e eficazes. Destacaram-se alguns elementos mais ousados, entre eles, o Alferes Mota da Costa, os Tenentes Veríssimo e Mansilha, o sargento Santiago, os soldados Eugénio Dias e Pimentel. No decorrer das primeiras missões, morreram em combate o Alferes Mota da Costa, o soldado Domingos e o cabo Almeida Cunha.
Para avançar com mais força na reconquista das terras tomadas pela UPA-chefiada por Holden Roberto, foram mobilizados os Batalhões de Caçadores 96 e 114 e o Esquadrão de Cavalaria 149, para a reconquista de Nambuangongo (santuário das forças da UPA), com o custo de várias dezenas de mortos e centenas de feridos. A Força Aérea foi conquistando os céus do norte de Angola à medida que foram sendo activadas pistas nas povoações; as condições logísticas e materiais permitiram apoiar as tropas do Exército que se foram instalando nas povoações, bem como os Pára-quedistas nas grandes operações de reconquista de Quipedro, Serra da Canda, Sacandica e Inga, locais de difícil acesso por terra.
A guerra durou treze longos e dolorosos anos, por ela passaram mais de um milhão de jovens combatentes, que deram o seu melhor ao serviço duma causa que pouco lhes dizia. Serviram a Pátria que juraram defender, independentemente de ideologias ou de sofismas. Dos cerca de 10.000 militares mortos, mais de 1.700 ficaram lá abandonados em cemitérios improvisados. A guerra deixou mais de 30.000 deficientes; muitos outros regressaram com graves sequelas no corpo e na alma, com as quais vivem os dramas dos traumas e das doenças que lhes tolhem a vida. Mas a grande maioria desses homens souberam manter intacta a dignidade dos bons portugueses, mesmo quando os governantes os desprezam e ostracizam. Cerca de oitocentos mil desses, sem qualquer apoio ou reconhecimento pelo serviço prestado à Pátria, instalaram-se nas mais diversas actividades produtivas, investindo os seus conhecimentos e dinheiros ao serviço de Portugal. A persistência das Associações de Combatentes perante os poderes públicos de pouco tem valido; mas as Associações de Combatentes, despidas dos interesses mesquinhos de alguns protagonistas incapazes de entender a dimensão das carências de várias dezenas de Antigos Combatentes, podem fazer muito mais se unidas no mesmo objectivo: Afrontar o poder dos governantes até que sejam reconhecidos e recompensados todos aqueles que sofrem de carências em resultado das mazelas e traumas causados pelas situações de perigo e sofrimento no teatro operacional a que a guerra obrigou. Negociar o Estatuto dos Combatentes é o trabalho meritório que devemos apoiar com brio e convicção.
Como disse num debate público sobre a aferição dos valores que equilibram uma sociedade racional, mantenho a opinião de que a questão dos heróis sempre incomodou os cobardes e os acomodados. Seja no combate para defesa da Pátria, seja no combate aos fogos ou nas missões de salvamento das populações atingidas por flagelos e tempestades. Os valores da solidariedade, da colaboração, da defesa dos princípios democráticos e da paz não dependem de ideologias ou de regimes políticos; aceitam-se, defendem-se e praticam-se. Não há meias tintas; ou se é bom cidadão ou não. Os marginais, os parasitas, os cobardes e os traidores são nocivos à sociedade; uns porque são criminosos, outros são acomodados; é preciso reagir, ser solidário e produtivo. São esses arautos do laxismo e do facilitismo que degradam os valores que devem balizar a aquisição dos conhecimentos necessários ao desempenho com competência, saber e respeito.
Todos devem merecer respeito pelos anos passados em situações de perigo, sofrimento e privações de toda a ordem; uns aguentaram e foram valentes, outros fraquejaram e continuam a sofrer.
Março de 2011 in "O Veterano" - com alteração pontual
Joaquim Coelho – Combatente em Angola e Moçambique
OS PORTUGUESES NAS GUERRAS ULTRAMARINAS
1 – Fundamentos do discurso patriótico
Por natureza, nenhum ser humano deseja a guerra. Os antepassados transmitiam o espírito de luta aos mais novos, por razões de sobrevivência, na disputa dos territórios e dos bens necessários ao consumo humano. Naturalmente que as pessoas tendem a defender aquilo que lhes pertence, mas ninguém tem vocação para o sofrimento que as guerras impõem aos seus participantes directos.
Admite-se que muitos soldados têm relutância em combater, especialmente quando desconhecem a causa do combate. Mesmo o discurso do patriotismo não funciona para todos os cidadãos de igual modo, tendo em conta as mudanças sociais, a idade, o estatuto social ou a identidade com a Pátria.
No caso português, quase todos os combatentes foram empurrados para a guerra em circunstâncias adversas aos seus interesses, com fundamento na preservação do território português, tão propagado pela comunicação social e nos discursos oficiais. As características do povo português têm pouco de guerreiros, mas muito de inocência ou moralismo ancestral, porque sempre fomos um povo mal compreendido pelos governantes com o complexo de superioridade justificado no compromisso mais absurdo da condição humana. A pregação dos superiores hierárquicos nunca foi capaz de justificar as razões da guerra nas terras ultramarinas, gratificante para alguns que colheram bons proventos, mas desgastante e dolorosa para a generalidade dos combatentes.
Para evitarem embarcar para a guerra ou por razões de melhoria de vidas, muitos jovens mancebos abandonaram o país a caminho da emigração clandestina, correndo sérios riscos, passando as fronteiras a salto.
2 – Razões solidárias, sem consciência heroica
Por pressão dos poderosos interesses estrangeiros, por conveniências políticas e interesses militares, o abandono das terras ultramarinas criou graves prejuízos a muitos milhares de cidadãos que lá viviam, sendo a culpa da descolonização atirada para cima dos combatentes desmobilizados e abandonados à sua sorte. Por isso, aqueles que conseguiram integrar-se na sociedade, trabalhar e participar no desenvolvimento do país, tiveram o mérito de galgar as dificuldades e viver; já o mesmo não aconteceu com os que nunca conseguiram limpar da sua mente os traumas dos momentos difíceis, os quais continuam a carregar dentro de si as imagens terríveis dos mortos e esfacelados caídos a seu lado. Todos merecem respeito e reconhecimento, mas estes merecem, também, solidariedade pública.
Admitindo que muitos dos combatentes entenderam a sua missão fundamentada no sentimento de solidariedade para com os portugueses daqueles territórios, raramente o fizeram com o espírito de luta pela pátria, com consciência heróica. Freud soube definir as premissas que podem levar “os heróis ao espírito de luta” como justificativo da defesa duma comunidade que conduza ao conflito com significado moralista ou de defesa; daí se possa concluir que ninguém vai à guerra para ser herói, porque o sacrifício da própria vida não o justifica, especialmente quando os governantes desprezam a elite de homens que revelaram um estado de espírito altruísta e abnegado em circunstâncias severamente adversas na defesa das causas da Pátria.
3 – Efeitos da guerra na Vida dos Combatentes
Com o movimento de muitos milhares de mancebos das terras de origem para locais e ambientes que nunca tinham imaginado encontrar, muitos deles rudes camponeses e iletrados, a fim de receberem os mínimos de ensinamentos e instrução militar e logo embarcados para as longínquas terras africanas, Portugal teve que gastar avultados recursos financeiros no esforço de guerra, o que proporcionou um inesperado desenvolvimento social e industrial.
Ora, as circunstâncias do ambiente de guerra, em meios desconhecidos e hostis, com graves carências de subsistência, perante o risco de serem feridos e morrer, causaram grandes transformações na formação da personalidade e no desenvolvimento cognitivo dos combatentes; os efeitos nefastos na saúde mental dos militares destacados nos postos avançados, em locais inadequados para viver longos meses em isolamento, sofrendo os efeitos dos bombardeamentos inimigos, alteraram comportamentos e deixaram marcas para o resto das suas vidas. Esses efeitos são mais notáveis na mudança de sensibilidade, no apego à vida, no sentido da solidariedade e da camaradagem cimentada em condições de grande dificuldade e perigo.
O fadário daqueles mancebos começou com o recrutamento, período de instrução e aprendizagem de coisas novas, embarques e longas viagens sobre o mar, entre 8 a 25 dias atulhados nos porões de navios teimosamente lentos. Mas, o abandono a que foram votados depois do cumprimento do seu dever patriótico, também foi doloroso e penoso, levando muitos a tentar melhorar a vida na emigração.
4 – Abandono ou Reconhecimento
Embora não fossem bem compreendidos na sua missão, não desertaram… e cumpriram o sagrado dever que a Pátria lhes impôs, transmitindo à sociedade os valores duma elite moral e cívica que é cada vez mais rara entre a juventude. É por tais razões que os combatentes são merecedores do respeito e do reconhecimento da Nação, especialmente dos organismos oficiais que devem proporcionar condições de vida tranquila, criando centros de apoio social, psíquico e psicológico para reparar as feridas invisíveis, mas que podem ser detectadas em muitos dos intervenientes na guerra. O reconhecimento passa também pelos apoios sócio-económicos para os que não conseguiram integrar-se na vida profissional activa devido às mazelas resultantes da permanência em ambiente de guerra, que, objectivamente, causou estragos irreversíveis no miocárdio e no cérebro, levando ao desgaste prematuro destes órgãos, bem como à perda de proventos adequados à sua vida normal.
Finalmente, para os que assumiram o compromisso da defesa das causas da pátria, o reconhecimento dos esforços dos combatentes pode ser gratificante, em vez da repulsa e do negativo sentimento de abandono, prejudicial ao espírito de unidade nacional que se pode reflectir na sociedade civil e nas novas gerações. Compreender o passado é fundamental para os alicerces do futuro.
Maia, 10 de Junho de 1995
Joaquim Coelho
Jornalista e repórter
Os contrastes no tempo de guerra:
- Colonos em Angola, pedem protecção da tropa.
- Militares sofrem os efeitos da guerra, sofrimento e dor.
- Mancebos a darem o salto na emigração.
Biografia e Percurso
Da pesquisa do CES da Universidade de Coimbra, temos:
Joaquim de Sousa Coelho - natural de Penafiel, termas de S. Vicente.
PERCURSO de Vida: AMIGOS, o saber e o desempenho eficiente são a chave para um percurso de vida com satisfação e sucesso; viagens de estudo e diversão ajudam. Actividade física, aliada ao trabalho profícuo são importantes; desfrutar da natureza, música e leitura, mantem a lucidez.
- Sociedade: Acções solidárias, intervenção cívica e social, voluntariado bioquímico nos hospitais, eventos culturais, tertúlias e publicações; colaborador do Dr. Pedro Homem de Melo, na apresentação de Ranchos Folclóricos na RTP. Praticante de hóquei em patins júnior no F.C.Porto (1955/6); Percursor e dinamizador do Pára-quedismo desportivo; membro da Comissão Nacional de Pára-quedismo; Director e activista em associações culturais, recreativas, desportivas e aeronáuticas; Activista em defesa dos Combatentes do Ultramar, enquanto sócio da Liga dos Combatentes (1968 a 1986); Fundador e presidente da Associação de Pára-quedistas do Norte (1979 a 1988); Director do Aero Clube da Costa Verde (1982 a 1985); Presidente da Cooperativa de Construção e Habitação da Siderurgia Nacional EP (1986 a 1991), com sucesso na gestão económica e preservação de mais de 300 habitações; Fundador do Movimento de Combatentes do Ultramar e Presidente da Associação MAC (Movimento Cívico de Antigos Combatentes), coordenador de projectos legislativos de apoio aos Combatentes, bem como do “Grupo de Trabalho das Associações para o “Estatuto dos Combatentes” com acções na Assembleia da República e Ministério da Defesa Nacional.
- Vida Familiar: Tudo isto sem descurar a educação e orientação dos filhos numa lógica de aprendizagem sem limites do saber e do desempenho para o sucesso; sentido de responsabilidade e proveitosa colaboração para uma vida livre e sociável, balizada nos valores da família e da vida estável. Enfim, caminho na velhice com serenidade e prazer!
- Carreira Profissional: Guia Turístico, Chefe de Laboratório, Investigação de Bioquímica, Técnico de química industrial, Avaliador oficial, Consultor de seguros, Gestor e consultor de contabilidade, Gestor de Recursos Humanos.
- Empresas: Sacor (Galp), Andrews Chemical Company-Molin, Sandoz-Medicine, Siderurgia Nacional EP, Direcção de Finanças, Generali-Seguros, Réplica, Baresel GmbH(Alemanha).
- Carreira Académica: Escola Primária de S. Vicente do Pinheiro-Penafiel; Colégio de João de Deus-Porto; Institutos de Francês e de Inglês do Porto; Curso de Turismo (Londres); Instituto de Contabilidade do Porto; Escola Industrial Infante D. Henrique; Estudos Gerais Universitários de Moçambique; Long Island University (USA); Universidade do Porto.
- Formação Militar: Curso de Sapador Bombeiro (Porto); Curso de Controlador de Tráfego Aéreo (Açores); Curso de Pára-quedismo; Curso de Transporte Aéreo e Largador de Pessoal e material; Curso de Instrutor de Pára-quedismo desportivo (França); Curso de Comunicações Militares da NATO (Alemanha); Instrutor militar: pára-quedistas, topografia, cultura geral, tiro, minas e armadilhas.
- Bases Militares: Regimento de Engenharia, Base Aérea 1, Base Aérea 4 (Açores), Regimento de Caçadores Pára-quedistas, Batalhões de Caçadores Pára-quedistas 21 (Angola) e 31 (Moçambique).
- Formação Profissional: Curso de Jornalismo de Investigação e reportagem; Curso de Química Orgânica e Bioquímica; Curso de Engenharia de Segurança Industrial; Instituto de Seguros de Portugal; Avaliador Oficial; Gestão de Contabilidade e Fiscalidade; Estágios de Formação técnica-profissional nos USA, em Inglaterra, Suissa, França, Itália, Alemanha e Hungria.
- Autor de Literatura e Fotografia: Colaborador dos Jornais “Província de Angola” e revista “Notícia” (Angola); “Diário de Moçambique” e “Notícias da Beira” (Moçambique); Jornal de Notícias, Correio da Manhã, Notícias de Penafiel, Primeiro de Janeiro, O Comércio do Porto, O Norte Desportivo, O Boina Verde, O Pára-quedista, Os Paras, O Veterano. Premiado pela Academia Francesa, com a distinção de “Récit Homérique" pelo Livro “O Despertar dos Combatentes”; distinguido em Tertúlias e concursos de Poesia. Publicação literária de 5 livros de narrativas e reportagem e 5 livros de poemas; Publicações e gestão de 8 blogs e 4 sites da Internet; colaborador em seis grupos Facebook.
»Pesquisa CES da Universidade de Coimbra«
Divulgação do Paraquedismo
Acções de protesto pelo Estatuto
Pelo Estatuto dos Combatentes, na Assembleia da República
O Estatuto do Antigo Combatente foi publicado pela Lei 46/2020, com
poucos benefícios, mas reconhecendo os préstimos à Nação
A VIA SACRA DO ESTATUTO
Tem sido difícil a caminhada para tentar demonstrar aos governantes que os Combatentes das guerras ultramarinas são merecedores do respeito da nação, não só por terem sido empurrados para a guerra, mal preparados, mas, também, porque serviram de bode expiatório num cenário de interesses internacionais onde as grandes potências jogavam as suas estratégias geopolíticas de domínio do mundo - os nossos governantes de todos os tempos estão fartos de saber as correntes destas engrenagens internacionais.
Os longos anos de conflito em que os mancebos portugueses sentiram graves carências de toda a ordem, remoendo as saudades e enfrentando o nefasto isolamento nas mais difíceis condições de sobrevivência, ajudaram os mais lúcidos na tomada de consciência da situação insustentável das tropas destacadas nos precários aquartelamentos, impróprios para manter a moral duma tropa capaz de resistir ao desgaste das suas ténues capacidades físicas e mentais.
Não fora a resiliência dos mais lúcidos e a coragem dos mais ousados na tomada de posições antagónicas aos ditames da hierarquia clássica, jamais os militares ou outras quaisquer forças organizadas teriam condições para levar por diante a revolução do 25 de Abril de 1974. Muito foi feito na consciencialização dos mancebos até que estivessem criadas as condições para avançar na revolução com garantias de sucesso. Isso deve-se a largos milhares de militares que nunca se conformaram com a continuação de uma guerra sem sentido patriótico, posição que foi tomando forma após a estabilização da guerra em Angola.
Tal como em todas as guerras, os ratos das sargetas também proliferaram em diversos espaços das guerras ultramarinas, o que levou muitos dissidentes a desistir por entenderem que não valia a pena ficar preso aos preceitos das aves de rapina. O mesmo continuamos a encontrar nos enredos de organizações, ditas de combatentes, que mais não são do que depósitos de acomodados e oportunistas a aproveitar os bens doados pelo Ministério da Defesa Nacional que poderiam ajudar a minorar as dificuldades de alguns Combatentes com tremendas carências sociais e físicas.
A via-sacra do calvário até chegarmos à aprovação do Estatuto do Antigo Combatentes merece ser lembrada para que, os ingratos que têm o descaramento de criticarem o pouco que conseguimos, percebam que os governantes nunca reconheceram os sacrifícios e os préstimos à Pátria de mais de um milhão de mancebos que foram desembarcados nas terras longínquas e inóspitas da África, dando segurança aos muitos portugueses que lá labutavam e viviam despreocupados.
O tempo e a saliva gastos pelos principais obreiros do processo para o Estatuto não compensaram as explicações que tentamos dar aos governantes, sobre os direitos ao reconhecimento do desgaste daqueles que foram obrigados a embarcar rumo aos territórios ultramarinos; embora fosse nossa preocupação organizar propostas sérias e credíveis avalizadas em unidade de esforços de todos. Muitas vezes nos sentimos defraudados e traídos pelos tais ratos de sargeta, que apenas aproveitam legitimar os seus interesses em desfavor de todos os demais Combatentes. Lamentavelmente, sentimos reduzido apoio e intervenção nas diversas Manifestações realizadas em Lisboa, desde 2012 até à aprovação do Estatuto; sinais desmotivadores… mas não desistimos, porque existem muitos milhares de Combatentes com tremendos problemas de saúde e carências de apoio social.
Embora fomentemos os convívios periódicos, por sabermos que são uma importante terapia de grupo para os mais traumatizados pelas nefastas condições de vida em ambiente de guerra, percebemos que seja normal, entre uma almoçarada bem regada com vinho tinto e aconchegada com café e bagaço, ficar pouco espaço no cérebro de alguns para entenderem as palavras e os discursos com sentido esclarecedor, o que desanima os meus companheiros do “Grupo de Trabalho para o Estatuto”; pois, mais um bagaço é como uma emboscada a metralhar os neurónios dos nossos interlocutores mais empedernidos. Assim, teremos de continuar a lutar por melhorias no contexto do Estatuto do Antigo Combatente, apesar dos poucos efeitos dos esclarecimentos, o nosso supremo empenho nunca será em vão.
Vila Nova de Gaia, 25 de Abril de 2021
Joaquim Coelho (Presidente da Associação MAC)
(Coordenador do “Grupo de Trabalho” das Associações para o Estatuto)
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